quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Catching up.

Bem sei que não escrevo há muito tempo e que isso constitui uma grande falta de respeito para convosco, mas... bem, não sei, não tenho tido oportunidade para vir aqui. Desculpam-me? :]

Vou tentar fazer um apanhado dos últimos dias. Não vai ser difícil, porque, apesar de ter sido muito tempo, não aconteceu assim tanta coisa de importante... ou que não seja explicável em duas ou três linhas. Portanto, tive uma visita durante 10 dias, fui à festa de inauguração da nova casa da Linda em St. Michel, andei numa roda-viva de despedidas do pessoal que só ficou um semestre (o que me custou imenso) e fui às aulas. As partidas mais significativas foram, como é óbvio, as da Justina, do Pascal e do Roland...

O acontecimento mais inesperado do mês acabou por ser o de ontem: mudei de quarto. Agora estou no 1º andar, num quartinho verde, ainda mais pequenino do que o outro, mas com um bom pressentimento. Espero que as coisas comecem a mudar para melhor...


[continuo com saudades.]

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um pouco mais de Atlântico.

Desde que cheguei a Paris que andava à espera de um fim-de-semana destes, mochila às costas e as minhas duas melhores amigas ao meu lado no comboio, com um destino interessante mas não turístico. Calhou ser Nantes, Angers e a costa Atlântica do vale do Loire, uma região verdejante e repleta de palácios, bom vinho e pessoas amigáveis. O nosso anfitrião foi um francês que fez erasmus na Lituânia e que resolveu retribuir a hospitalidade da Justina. Resultado: tivemos um fim-de-semana fantástico e 100% em francês!


Quando chegámos a Angers, fomos recebidas pelo amigo da Justina, o Maxime, que nos levou a comer uma sanduíche rápida para nos fazermos logo à estrada - fomos directos para Nantes, mas de carro, o que acaba por ser um bom motivo para sorrir quando se passa tanto tempo em transportes públicos... :] Lá, comecei de imediato a ver a diferença relativamente aos parisienses: um dos amigos do Maxime emprestou-nos o apartamento dele!


Nantes é uma cidade muito bonita, com avenidas largas e edifícios interessantes. Mas... a primeira coisa que experimentámos foi a vida nocturna :] e essa vale bem a pena, asseguro-vos!

[esta foto tem de ser explicada: supostamente, o Maxime, a Justina e a Linda estão a fazer de bombeiros portugueses. não, não sei porquê. a explicação há-de ficar sempre por aqui. :P]


Depois de termos percorrido alguns bares, acabámos por ficar mais tempo numa discoteca bem pequenina, que passava música portuguesa, brasileira e espanhola. O que teve mesmo piada foi ver que eles não percebem as letras, mas cantam à mesma, e que não fazem as coreografias sugeridas na letra da música... bem, porque não percebem. Foi um bocado estranho quando dei por mim a fazer tudo sozinha!

No sábado, visitámos a zona portuária e almoçámos numa crêperie à beira-rio. A vista era espectacular! E os empregados dos restaurantes são de facto simpáticos, ao contrário do que sucede em Paris!


Depois de almoçar... claro, café. Mas, desta vez, num sítio bem especial: a antiga fábrica de bolachas LU, convertida no espaço "le lieu unique", que é provavelmente o sítio mais giro que eu vi em França. Tem café, restaurante, sala de concertos, sala de exposições, livraria e muito sentido de humor.

Fiquei fascinada com as casas-de-banho :] claro que todos se riram deste meu fascínio, mas... epah, aquilo era uma mistura de gigantismo industrial e marginalidade urbana quase perfeita! Ainda por cima, tinha ali duas modelos giríssimas mesmo à mão, mas não vou pôr aqui as fotos que lhes tirei por uma questão de respeito ;) ficam só com uma ideia da casa-de-banho!

Durante a tarde, visitámos a cidade. Não consegui parar por um segundo de admirar a educação das pessoas e a sua simpatia - não tem mesmo nada a ver com Paris. Começámos pelo castelo dos duques da bretanha, que estava num estado de conservação absolutamente fantástico - as pedrinhas todas bem limpas, os jardins cuidados, informações nos sítios mais importantes. Foi lá que foi assinado o édito de Nantes de 1598 que deu liberdade religiosa aos protestantes. Interessante, não acham?




Ainda tivemos tempo para ver a passagem Pommeraye, de 3 andares, reconhecida como monumento histórico desde 1976. Lá, tivemos mesmo a sensação de estar no Natal, apesar de já ter passado... ambiente muito festivo, lojinhas bem decoradas e pessoas sorridentes acabam por ter esse efeito!


Ainda passámos pela catedral com intenção de a visitar, mas estava fechada. :( Ao fim da tarde, voltámos para Angers, onde tivemos oportunidade de assistir a um concerto fantástico de saxofone e violoncelo, composto por duas partes: durante a primeira, os violoncelistas davam a banda sonora a um filme mudo (foi o que gostei mais!), seguidos pelos saxofonistas; na segunda parte, tocaram todos juntos com um DJ (!), o que me pareceu muito original... embora não muito bem feito. Seja como for, adorei o concerto e foi muito agradável entrar num centro cultural universitário (porque é que não temos destas coisas?) dentro de uma faculdade de economia e ver que os alunos têm mais interesses para além da sua área de estudo.

Nessa noite dormimos em Angers, no apartamento do Maxime, e no dia seguinte seguimos para a costa Atlântica! Estivemos em Sables d'Olonne, onde almoçámos como realeza :]


Com a barriga cheia e a alma reconfortada pela maresia, fomos passear à beira-mar, saltitar nas rochas e tirar fotografias parvas :P


Como o tempo começava a escassear, não pudemos ver mais praias. Fomos directos para a Vendée, a zona rural onde vivem os pais do Maxime. Pelo caminho, parámos para comprar brioche típico da zona :]


Os pais do Maxime têm uma quinta gigantesca, absolutamente maravilhosa! Andámos a passear pelos campos (lindos!), à beira dos riachos que serpenteiam entre as árvores, espreitámos as vacas e os lagos para aquacultura... e acabámos a tarde sentados à tosca mesa de madeira da cave onde faziam o vinho (agora ainda fazem - e deram-nos a provar - mas já noutro sítio). Esta cave está sempre a 17ºC, seja qual for a temperatura exterior. É fantástico :]


Depois do jantar, regressamos a Angers, mas fizemos um serão mais "caseiro": ficámos em casa a ver umas comédias francesas (que não nos fizeram rir nem metade do que fizeram rir os franceses que estavam connosco... e não era só por não percebermos as piadas todas!).

Na segunda-feira de manhã, ainda tomámos o pequeno-almoço à frente da estação dos comboios, num café que parecia tirado de um filme!


A viagem de regresso correu bem... mas estávamos completamente exaustas. Foi quase fisicamente doloroso ir às aulas à tarde!

Falando em aulas... comecei o 2º semestre. Tenho mais cadeiras de Licence e menos de Master, o que significa que tenho de aturar garotos mal comportados durante a maior parte do tempo que passo na faculdade. É incrível... os alunos de L1 e L2 não respeitam sequer minimamente os professores! Mas pronto, tenho de aguentar de boca calada - se os professores não se impõem, também não posso fazer nada.

Na terça-feira à noite fiquei aqui no meu quarto com a Justina a ver um filme indiano que me deixou arrepiada do início ao fim. Chama-se "Black" e retrata a evolução de uma criança que fica surda e cega aos 2 anos de idade. É... impressionante.


E pronto... ontem tivemos o nosso último jantar internacional: a Justina, o Pascal e o Roland estão quase a ir embora :( fico eu e a Linda, vai ser estranho... Claro que o jantar foi óptimo, como sempre, mas já teve aquele tom de despedida que eu detesto.

Levei-lhes chouriço e café português - foi a loucura, adoraram! Nem sei bem porquê, mas ficaram loucos com o sabor! O prato principal foi pasta, preparada pelos rapazes e acompanhada de uma grande salada. Para a sobremesa, fiz uma tarte de mirtilos (por causa do filme, sim!), que comemos com gelado de baunilha, e a Justina levou um brioche comprado na Vendée! Resumindo, mais uma grande soirée... só espero que, no 2º semestre, apareçam pessoas boas para continuarmos esta tradição!


[mas então e o tempo? miserável!]

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Paris, je t'aime (encore).

Na segunda-feira, fui acolhida com um dia excepcionalmente bonito. Andar na rua era, por si só, um prazer indescritível. Depois de toda a resistência emocional que encontrei para voltar a esta cidade, foi bom ver que continua a compensar estar aqui... Continuo a deixar-me seduzir por Paris.


Até anoitecer, andei junto ao Sena, na ilha de St. Louis, vi lojas de máscaras venezianas, de marionetas, de chocolate, de chá. [devia realçar também que o rio estava vivo, mais agitado que o habitual, e dezenas de pássaros voavam em todas as direcções, tornando a paisagem muito mais animada...]


O jantar foi na nova casa da Linda, em St. Michel (quem me dera!), com a sua coloc francesa e uma amiga. Comemos morcelas (que elas adoraram, por acaso), sopinha feita por mim e crepes salgados saídos das talentosas mãos das minhas amigas! Para terminar em beleza, uma galette des rois e horas de conversa animada sobre feminismo, machismo, igualdade, laicismo, preconceito, xenofobia... enfim, algo que nunca imaginei conseguir discutir em francês. Resumindo: noite óptima, jantar delicioso, apartamento lindo, companhia de luxo. :]

Ontem o dia tornou a ficar cinzento, mas não me deixei intimidar... tratei de mais umas coisas na faculdade e fui ao cinema, ver o filme My Blueberry Nights, de Wong Kar Wai, para aproveitar as tão saborosas férias que tenho esta semana! Entretanto, como tive de esperar mais de uma hora até ao filme, dei umas voltas no centro comercial: quase todas as lojas estavam a preparar os saldos que começariam hoje... :| é estranho, nunca tinha visto tanta agitação para preparar os saldos! Mas também ainda não tive coragem para enfrentar a multidão e ir ver para que serviu tudo isso... Anyway, voltemos ao filme!


Com a presença de vários artistas de renome, quer no mundo do cinema (Jude Law, Natalie Portman, Rachel Weisz, David Strathairn), quer no mundo da música (Norah Jones e Cat Power, que participam como actrizes, bem como na banda sonora), este filme tinha já tudo para ser bom... A história não é muito original e há alguns momentos mortos que poderiam ter sido evitados, mas acho que a fotografia compensou por tudo isso: nunca tinha visto nada filmado desta maneira e gostei imenso!

Entretanto, convenci-me que hoje haveria de visitar a casa de Balzac ou uma exposição de fotógrafos do pós-guerra que estava no Hôtel de Sully. Telefonei à Justina e resolvemos ir à casa do escritor, que sempre tem mais a ver com uma futura editora! Quando lá chegámos, estava fechado... até ao fim do mês. E o site não tinha nada a avisar! Um pouco resmungonas, lá voltámos para trás e fomos em direcção a Bastille, para tentar apanhar a exposição ainda aberta. Pelo caminho, outra boa surpresa: um pôr-do-sol magnífico num céu que se foi tornando cada vez mais límpido ao longo da tarde, pintando as nuvens de cor-de-rosa. ^^ O edifício que albergava a exposição era tão bonito que a viagem acabou por valer a dobrar. Quanto às fotos em si... ainda que não aprecie muito o estilo de alguns dos fotógrafos representados, tive motivos suficientes para sorrir - o que não faltava eram bons retratos, inquietantes como se quer e sempre absolutamente intrigantes...

Michèle Morgan 1946
© Roger Corbeau

Thérèse Le Prat (1895-1966)

Depois da exposição, fomos comer uma tosta e beber um sumo natural a um restaurantezinho com um nome qualquer do género "paraíso das frutas". A brincadeira saiu-nos cara e nem por isso ficámos lá muito satisfeitas, mas pronto... são os últimos dias da Justina aqui em Paris e há que aproveitar!




[e, apesar de tudo, continuo com tantas saudades das pessoas que me fazem ver em Portugal o único Eu possível...]

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Era um café e um eufemismo, se faz favor.

Voltei para Paris. Depois de 15 dias caóticos e terrivelmente curtos. Salvam-me o café e os eufemismos.