sexta-feira, 30 de novembro de 2007

17 jours.

Tenho saudades. Dou por mim sentada na cama, a olhar para o nada e a sentir uma falta incrível de pessoas que ficaram em Portugal, de coisas pequeninas que nem sequer me deviam dizer grande coisa, de situações, de sentimentos. Estou a adorar Paris e sinto-me feliz com o grupo de amigos que formei aqui, aprendi mais no espaço de 3 meses do que alguma vez poderia imaginar... mas continuo de coração partido pela distância que me separa de tudo o que, no fundo, sempre foi sinónimo de "casa".

Ok. Mais uma vez, começo com um parágrafo melancólico... a abandonar rapidamente antes que haja uma catástrofe natural aqui no meu quarto! :P

Faltam 17 dias para começar os exames. Ainda me falta saber uma data, mas já tenho 4:

  • dia 17: Droit de l'Urbanisme
  • dia 18: Droit International Privé
  • dia 19: Droit Pénal Spécial
  • dia 20: Droit des Libertés Fondamentales

Isto significa que vai ser uma semana extremamente divertida, precedida de outra ainda mais divertida, afundada em livros e apontamentos. Yey! :(

E nos últimos dias? Bem, tenho tentado estudar muito, não tenho conseguido estudar grande coisa, tenho dançado (sim, Nicha, estou a adorar as aulas de tango!!!), tenho estado com os meus amigos mais próximos (o que tem sido tão bom, principalmente tendo em conta o factor "saudades"... do qual não posso falar! lol) e tenho aproveitado tudo o que posso para sair à noite, antes que o tempo e o trabalho o impeçam. Destaque para a inauguração de uma loja em montmartre de uma estilista francesa que conheci em casa dos amigos da Mariana, bem como para o "nosso" jantar internacional, que ontem foi melhor que nunca! Comemos fondue com verdadeiro queijo suíço, bebemos beaujolais nouveau e tivemos direito à boa dose de humor que já faz parte da tradição. Entretanto mudámos de cenário (desta vez, jantámos em casa do Roland, na Maison des Provinces de France, que é LINDA) e começámos a preparar uma troca de prendas (divertidas) para o dia de S. Nicolau!

Agora lá vou eu para mais uma rattrapage (adoro esta palavra!) e, logo à noite, fête déguisée em casa das italianas! :D O tema é "kitsch", não sei muito bem o que vou vestir... mas logo se vê ;)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Interpol.






Que classe.








[e blonde redhead também foi lindo...]

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Actualização... finalmente.

Sei que já não actualizava isto há bastante tempo e que isso é muito irritante para quem vem cá regularmente em busca de notícias de Paris... mas a verdade é que a última semana, para além de plenamente preenchida com estudo (!), tornou-se ainda mais complicada com a greve dos transportes. Um pedido de desculpas para vocês... e aqui vai a actualização.

Resumindo, já comecei as aulas de tango, andei em vão à procura de um casaco quentinho e comprido, passeei a pé e de bicicleta (já que os transportes... ergh nem me apetece falar nisso!), fui a um cinema pequenino ver dois filmes do doclisboa, passei pela flèche d'or tarde demais (por causa dos transportes...) e perdi o concerto de Laura Gibson. Já que falo nas coisas que perdi, descobri também que deixei passar um concerto de PJ Harvey, bem como o Paris Photo 2007. Irritante, não acham? Para completar, acabei por não ter a companhia da Kasia, que adoeceu... :( [beijinho e as melhoras para ti, kochana...]

E pronto, começou a chover, a greve continua e os meus exames estão à porta, sem que a coordenadora de Erasmus nos faça o favor de começar a fazer o seu trabalho e marque as datas. Estou resmungona, é isso... nada que não passe com o concerto de amanhã! :]

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ils sont fous, ces français.

Deparei-me com uma coisa formidável na aula de Direito do Urbanismo:

Article R410-12 du Code de l'Urbanisme:

A défaut de notification d'un certificat d'urbanisme dans le délai fixé par les articles R. 410-9 et R. 410-10, le silence gardé par l'autorité compétente vaut délivrance d'un certificat d'urbanisme tacite.


Sim. Boa. Têm um certificado de urbanismo tacitamente atribuído, mas... qual é o seu conteúdo?! É suposto ser uma adivinha?! É que... um certificado de urbanismo não é propriamente uma licença, pode ser positivo ou negativo. Mais doido do que isto, só mesmo terem servido paella com cordon bleu à hora de almoço... :|

domingo, 11 de novembro de 2007

Some dreams come true.

Ontem, ao fim de um dia inteiro de estudo, tive uma boa recompensa: mais um concerto dos The Delano Orchestra, desta vez no Truskel e com um ambiente muito mais intimista. Gostei da música, a banda era muito simpática e foi muito bom descobrir que o vocalista era de Direito (mais, era professor na faculdade!) e que, ainda assim, conseguia fazer música e fotografia (com uma Holga!). Dá-me ânimo saber que há mais gente com as minhas indecisões profissionais! :P

Normalmente, isto teria sido o suficiente para dar o fim-de-semana por ganho. Aliás, se olhar para os 8 concertos a que assisti no espaço de uma semana, não posso mesmo queixar-me de nada...! É um privilégio poder temperar o estudo com este tipo de coisas. Mas hoje ainda tive mais um motivo para sorrir: fui à Cinemateca realizar um pequeno sonho. Alguns de vocês sabem perfeitamente do que estou a falar - ver o Feiticeiro de Oz em ecrã gigante! :D Senti-me uma criancinha. Vim aos pulinhos para casa, entre poças de água e folhas secas, sorridente e bem disposta. Até venho com mais força para regressar ao estudo... :]


[there's no place like home. ela tem razão.]

sábado, 10 de novembro de 2007

Friiiiiiiiiiiiiiiiiiio (e outras coisas melhores).

Ontem foi, provavelmente, o dia mais frio que tive desde que cheguei a França. Ontem também foi a primeira vez que fui à piscina da Cité Universitaire e à biblioteca da Maison International, portanto... foi um dia cheio de coisas novas. Bem, uma coisa de cada vez!

Está frio. E ainda é apenas o princípio... esta era uma das coisas que me assustava um bocadinho quando pensava em vir para aqui em Erasmus. Claro, friorenta como eu sou... O que me irrita é pensar que ontem já tinha duas camisolas, um casaco, um cachecol, uma boina e luvas - e que, ainda assim, tinha frio! O que é que é suposto eu vestir mais?! Acho que vou ter de descobrir isso em breve. Afinal, prevêem 5 graus de máxima e -3 de mínima para sábado que vem... :| Eeek!

Mas ok, o ser humano é adaptável, tudo há-de correr bem. Passemos das lamúrias a coisas mais bonitas: a biblioteca da Maison International. Imaginem uma sala com uma arquitectura fabulosa, decorada com fotografias lindíssimas e com imensos livros muito bem encadernados, contando-se entre eles dezenas de enciclopédias jurídicas e dicionários de todas as línguas! :] Yummy, não é? Fui estudar para lá ontem e acho que hoje vou voltar a passar lá o dia. Assim, até sabe melhor!

À hora de almoço, resolvi estrear-me na natação livre. A piscina é no nível -2 da Maison International. Instalações velhas, escuras, balneários mistos, chuveiros separados por paredes que me chegam pelo ombro, pistas tão estreitas que as pessoas batem com os braços e pernas umas nas outras se não se encolherem. Sem comentários...

Depois das aulas da tarde, fui com o Simão e a Patrícia jantar a Les Halles e seguimos para a Flèche d'Or (para variar), onde assistimos a três concertos. Ou antes, a dois e meio, que o último estava a ser um bocado... impossível de aguentar. :P

O primeiro grupo a actuar foi The Delano Orchestra, uma banda francesa, e, na minha opinião, a melhor da noite (apesar de ter funcionado como banda de abertura para as duas estrangeiras...). Além das guitarras, baixo, bateria e teclas, eles traziam uma trompete - elemento decisivo, porque tornou todo o som deles muito mais rico e interessante. A clara influência de Sigur Rós, Radiohead e Mew deixou-me bastante satisfeita: percebia-se que eles gostavam daquilo, mas sem copiar. Enfim, banda a não perder de vista, seguramente!

A seguir, entraram em palco os britânicos Mr. Hudson & The Library: um excelente concerto, mas um tipo de música que não me diz absolutamente nada. Destaque para a energia e qualidade da voz de Joy Joseph, bem como para a capacidade que tinha o vocalista principal, Mr. Hudson, para introduzir na letra elementos do ambiente que nos rodeava. Uma prestação excelente, mas... que me custou um bocadinho a aguentar até ao fim.

Depois de Mr. Hudson, foi a vez de Radio LXMBRG, uma banda sueca que me desiludiu tremendamente: música fraca, presença em palco absolutamente irritante (o vocalista era abichanado no pior sentido possível da coisa) e uma atitude presunçosa muito pouco digna de cabeças de cartaz (ainda para mais, com qualidade inferior à banda de abertura...). Claro, fomos embora a meio do concerto, aquilo era mau demais.

Depois da Flèche, ainda tivemos tempo para um croissant e para apanhar o metro para casa - afinal até é bom que os franceses tenham esta mania de começar os concertos às 20h30... :] quando precisamos de acordar cedo para estudar no dia a seguir, sabe bem. Claro que, chegados a casa sem sono nenhum, ainda fomos beber um chazinho na cozinha...

E pronto, hoje será um dia inteiramente dedicado ao estudo. Talvez à noite vá a algum lado, mas... tenho de trabalhar muito antes de lá chegar. C'est la vie!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Stockholm Syndrome.

Vou ver se me raptam no dia dos namorados. :]

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Tempo.

Sei que ando muito pouco dedicada ao blog, mas parece que agora o tempo anda a pregar-me partidas: foge sem avisar quando preciso dele e arrasta-se quando me apetece mesmo que o Natal chegue muito rapidamente. (Ah, roubei um contador à Mafas para saber quanto falta para chegar aí...) Seja como for, aqui estou para fazer um pequeno resumo do que tenho feito!

Na segunda-feira fui à Flèche d'Or com a Linda. O espaço é genial, como já vos tinha dito, as pessoas são muito interessantes e os concertos foram bons (até porque gratuitos, eheh). A primeira cantora, Marie-Flore, era uma miúda novinha com um ar muito frágil e uma voz tímida, que acabou por me impressionar pela positiva. Depois, foi a vez de Melanie Pain, que já trabalhou com os Nouvelle Vague. Claro, foi um concerto bastante mais profissional, mais seguro, mais estudado. Confesso que a voz da menina me irrita um bocado ao fim de 4 ou 5 canções, mas... até aí gostei. A terceira banda a entrar foi F.M., mas não sei dizer se gostei do concerto, por um motivo muito simples: o espaço não favorecia o tipo de música. Imaginei-os logo no Santiago Alquimista... :] Para encerrar a noite, Phoebe Killdeer and the Short Straws enlouqueceram o público, numa actuação muito visual, muito emocional e muito... ermm... cheia de droga, i guess. Não deixa de ser curioso, porque quando ouvi as músicas deles no MySpace fiquei com uma noção totalmente diferente. Na verdade, são melhores ao vivo do que em estúdio!

Ontem consegui finalmente inscrever-me no desporto universitário! Vou começar a fazer natação, body balance e tango! :] Depois tive de ir a um centro comercial, porque queria mudar de telemóvel para ter um tarifário mais barato e precisava de umas calças. Foi terrível: detesto fazer compras, ainda mais sozinha, aquilo estava cheio de gente (uma boa parte dela, com um ar assustador), as calças eram todas curtas para mim e já havia enfeites de Natal. Não gosto de ver enfeites de Natal tão cedo (nunca gostei, como sabem os que me conhecem bem e estão fartos de me ouvir dizer "mas eu ainda nem sequer fiz anos!") e não gosto de enfeites de Natal pirosos. I mean... que raio de ideia é a de pendurar no tecto vários letreiros que dizem Natal em várias línguas e depois um que diz "Love"?! "Love" é "Natal" nalguma língua que eu não conheço?! Parece daqueles exercícios para as crianças assinalarem o elemento que não faz parte do conjunto. Tsc tsc tsc...

Ao fim da tarde, fui com a Linda para casa da Justina para um lanche ajantarado, com direito a muito chocolate e a um copinho de sidra normanda, para enganar as saudades que já todas sentimos. Foi um serão muito calmo e "familiar" - e soube-me tão bem assim. Já tinha saudades de estar simplesmente sentada no chão com duas amigas a falar MESMO das nossas preocupações e alegrias...

E pronto, agora tenho de ir porque tenho mooooontes de coisas para fazer! O tempo prega-me partidas...

[e, falando de tempo, vou mudar-lhe um pouco o sentido só para dizer que está tudo cinzento à minha volta. paris decidiu voltar à sua azáfama sombria...]

domingo, 4 de novembro de 2007

Fim-de-semana (em) grande.

Apesar de a faculdade não nos ter dado a sexta-feira livre, eu resolvi oferecer uma ponte a mim mesma! Aceitei o convite (como sempre, generoso e simpático) da minha "segunda família" e fui passar uns dias à costa da normandia e da bretanha. Resultado: regressei a Paris sorridente, ainda boquiaberta com as coisas que vi e embalada no sentimento de ter estado quase em casa.

Deixei Paris na quarta-feira à noite e, desta vez, consegui um lugar sentada no comboio para Rouen! yey! :) Na quinta-feira de manhã, partimos em direcção ao Norte. A nossa primeira paragem foi em Arromanches, uma das famosas praias do desembarque. Aqui, pudemos ver ainda os restos de um porto criado pelos Aliados com o auxílio de gigantescos contentores. Toda a área à volta da praia estava cheia de alusões à segunda guerra mundial: não apenas pela presença de enormes pontes móveis utilizadas para transportar os tanques entre os barcos e a costa, mas também pela profusão de lojas de "souvenirs" militares.


[um dos contentores - que, visto assim, até parece um barquinho... mas não é!]

De Arromanches, seguimos para o cemitério americano da normandia. Ali tive o meu primeiro choque histórico... de repente, estar diante de 9.387 campas de soldados mortos na segunda guerra mundial, apertou-me o coração. Quase 10.000 pessoas... não seria possível conter o arrepio. Ainda por cima, quase 10.000 pessoas que morreram violentamente, longe de tudo o que lhes era familiar. Eeek.


O que também impressionava aqui era a dimensão estética do cemitério. Para além da relva minuciosamente aparada (com uma distância regular de um ou dois centímetros entre o final da relva e o início do caminho!), todas as cruzes estavam impecavelmente limpas, sem um único vestígio de musgo. Além disso, a geometria e a ordem afastaram este local da minha ideia mental de cemitério...


[vista do cemitério: a praia onde morreu uma grande parte dos soldados ali enterrados (*arrepio*), cinzenta e sob um céu carregado. perfeito para criar ambiente... ergh.]

Dali seguimos para a Pointe du Hoc, onde pudemos ver vários bunkers entre o completamente destruído e o praticamente intacto. Mais uma vez, foi uma visita algo chocante, principalmente porque o solo estava completamente alterado pela explosão das (muitas) bombas americanas...

Ainda tivemos oportunidade de assistir ao cair da noite na costa; as nuvens densas aumentaram o efeito dramático que persistiu ao longo de toda a nossa viagem. Tenho a dizer (como já disse a algumas pessoas) que esta costa tem as paisagens mais românticas, em sentido literário, que eu já vi na minha vida. Belo, mas oh!, tão trágico. ;)


Nessa noite, ficámos em Granville, uma cidade situada já na baía do Mont-St-Michel. Na sexta-feira, almoçámos em Cancale, uma praia conhecida pelas suas ostras frescas e saborosas (até pareço um anúncio de televisão, ihih) que os turistas comem às dúzias à beira-mar, atirando depois as conchas vazias às ondas. Sabiam que os romanos já eram maluquinhos pelas ostras de Cancale?! :]


[aqui vê-se bastante bem o dramatismo de que falava há pouco... olhem só para o peso dessas cores, dessas nuvens, das falésias!]

[e o dramatismo continua - é dramático ver que ainda tiro destas fotos "i'm the queen of the world" aos 21 anos! :P]

Ao fim do dia, chegámos a St-Malo, a cidade onde eu gostava de ter uma casinha de férias! :) Esta cidade fortificada deve a sua riqueza aos corsários que atacavam os navios estrangeiros (com a bênção de Sua Majestade, bien sûr!) e a sua fama a várias outras coisas: começando pela sua ligação ao escritor pré-romântico François-René de Chateaubriand, passando pela reconstrução e restauração magníficas operadas após o bombardeamento dos Aliados de 1944 e, claro!, culminando na magia de uma cidade robusta que resiste à força espantosa de marés violentas sem perder a beleza...

St-Malo tem ainda a particularidade de estar repleto de crêperies. Má notícia para a linha... mas excelente notícia para a gula, já que os crepes bretões são conhecidos em todo o mundo: salgados ou doces, com farinha escura ou branca, não há como não gostar. A juntar a isso, há as galettes de manteiga, absolutamente incontornáveis, bem como os típicos kouing-aman (que eu não provei, mas sei que são uma bomba calórica, assim com 200 ou 300g de manteiga para 400g de farinha - ou não fossem eles bretões!)



[atenção: estes enormes troncos de madeira estão ali para tentar quebrar a força das ondas antes que elas atinjam as muralhas. MAS uma grande parte dos troncos colocados ao longo da praia já estava completamente destruída...]

Nas ruas de St-Malo, é bom apreciar a arquitectura, bem como os detalhes: por cima das lojas, os sinais suspensos em ferro forjado; o chão irregular e a predominância do granito; o cheiro do mar que alcança o interior da cidade; o barulho das ondas (que só pude ouvir de manhã, bem cedinho, porque durante o resto do dia os turistas abafam tudo...)

[pôr-do-sol visto do interior da muralha.]

[esta era a torre de onde os corsários atiravam os mortos... creepy.]

Portanto, dormimos em St-Malo de sexta para sábado e ainda pudemos passear por lá de manhã. Depois, seguimos em direcção ao Cap Fréhel, onde corvos e gaivotas animavam a paisagem desolada, e continuámos a nossa viagem até ao Mont-St-Michel.


Tudo o que eu tinha lido e ouvido sobre o Mont-St-Michel me fazia antever um local imponente e de uma beleza muito particular. Claro que, uma vez lá, concluí que, como em tantas outras coisas, só estando lá se pode entender a sua verdadeira imponência.

Curiosidade: os bretões e os normandos sempre se bateram pelo Mont-St-Michel. O rio que separa as duas regiões é o Couesnon e a natureza acabou por se decidir a favor da Normandia, já que o seu leito se transferiu para oeste, "oferecendo" o Mont-St-Michel aos normandos. Como diz o ditado bretão:

Le Couesnon a fait folie cy est le Mont en Normandie"
("Le Couesnon dans sa folie mît le Mont en Normandie")

O que começou, no século VIII, por ser um pequeno oratório, acabou por se transformar num importante mosteiro beneditino, nos séculos XII e XIII. O mosteiro servia de centro de estudos para os beneditinos e de local de peregrinação para os miquelots, que vinham prestar culto a S. Miguel. Após a Revolução Francesa, o Mont-St-Michel ainda serviu de prisão e só um século depois é que foi reconhecido como monumento nacional...


Mais uma vez, as ruas valem por si: sinuosas, estreitas, irregulares, cobertas de referências medievais. O que empobrece a imagem é a extrema afluência de turistas que tornam quase impossível apreciar o que nos rodeia. Sim, eu sei que também eu sou turista, mas não consigo evitar este sentimento... é recorrente e inconsciente, não consigo deixar de odiar turistas, apesar de ser uma. [isso significa que me odeio a mim mesma quando passeio? :P]



Para terminar, nada melhor do que um pequeno vislumbre das areias brilhantes que rodeiam o Mont-St-Michel em alturas de maré baixa. Ah, as marés são tão estupidamente violentas que atingem velocidades de 10 km/h! Dizem os franceses que a maré sobe "à la vitesse d'un cheval au galop" e é extremamente perigoso passear pelos areais, não apenas por causa disso, mas também porque há areias movediças naquela zona. Quem quiser passear à volta do Mont-St-Michel tem de pagar a um guia, se não quiser ser literalmente engolido pela terra... :P



O regresso a Rouen foi calmo, apesar de demorado, mas é sempre bom ter a sensação de regressar a "casa". Hoje de manhã, ainda fomos correr para a floresta que fica lá ao lado... independentemente do (in)sucesso da boa iniciativa desportiva, ficam na memória imagens magníficas da floresta normanda no outono, dos tons quentes das folhas e da vegetação imponente. Valeu a pena ver e valerá a pena regressar (com máquina fotográfica, de preferência!)


[e agora, depois deste fim-de-semana de luxo, quem é que tem vontade de estudar?!]